quarta-feira, 11 de julho de 2012

O REI COMO ESPÉCIE REDENTORA



A declaração de André ao seu irmão Simão Pedro ("Achamos o Messias") foi no mínimo bombástica considerando o contexto histórico, religioso e político daquela época. O messianismo é mais do que uma questão de religiosidade judaica, é um ideal humano, um conceito que está encubado no inconsciente coletivo. Sim, o gênero humano tem em sua própria natureza o sentimento de uma necessidade inerente e latente de Redenção. Simplificando este conceito, o ser humano sente que em algum momento de sua existência como espécie, tudo estava bem e perfeito, mas que algo aconteceu que desestruturou e desestabilizou essa harmonia vital, e a gora, suas almas clamam inconscientemente por essa redenção que, na verdade, só pode ser efetuada por um Redentor.
Este ideal messiânico está arraigado nas culturas sociais, exemplo disso é o messianismo norte-americano revelado na criação de personagens mitológicos que trazem salvação para o povo americano exaltando sua identidade nacionalista: Rambo, Rock Balboa, Superman, Capitão América, além da filmografia moderna que apresenta novos "messias": Neo, o salvador de Matrix e Avatar. Na candidatura do presidente Barack Obama a nação, em especial a grande comunidade afro-americana, depositou nele essa esperança messiânica: o negro eleito presidente quarenta anos depois da morte de outro negro: Martin Luther King Jr, o mártir dos direitos civis dos negros em uma América segregada. No Brasil o ideal messiânico aspira um líder que saia "do meio do povão" e governe para o povo resolvendo todos os problemas do Brasil. Mal sabe a humanidade que sua espécie já foi redimida, e a espécie redentora foi singular, única; e sua obra redentora foi definitiva. O Rei dos reis (Deus Filho) assumiu a forma humana para satisfazer a perfeita justiça divina.

O PRIMEIRO REI SUBMETEU A CRIAÇÃO AO CAOS

A indagação que não cala no coração da humanidade, é o porquê de tanta destruição, dor, enfermidade, morte, sofrimento, guerras, poluição... Ignorantemente o homem tende a atribuir a Deus toda esta condição caótica, mas é na rebelião do homem contra Deus que se encontra a resposta, pois o homem entregou “o documento” de propriedade ao príncipe usurpador, o Diabo, sujeitando a criação ao caos. “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou.” (Romanos 8:20). O primeiro rei, Adão, colocou toda a terra, a criação original, à mercê de Satanás, que desde então tem legalidade para fazer sua obra, matar, roubar e destruir (João 10:10a). O plano original do Reino de Deus na Terra não incluía o Pecado e suas consequências: morte, doenças, injustiça, depressão e condenação. Deus criou o homem para reinasse continuamente sobre a Terra. E a Terra por sua vez, não sofreria alterações em seu meio ambiente e equilíbrio do ecossistema, e na natureza dos animais. A partir do Pecado Original, o solo recebeu a maldição (Gênesis 3:17), assim como o céu atmosférico, os mares, os seres vivos, a natureza humana, tudo foi contaminado e iniciou sua deterioração total. Eis a origem de todos os males globais que sociólogos, ecologistas, filósofos, psicólogos, antropólogos e outros ramos da ciência não puderam encontrar. O problema deve ser sanado na fonte.

O PRIMEIRO REI SUBMETEU A TERRA AO PRÍNCIPE USURPADOR

Utilizando o corpo da serpente, o anjo caído, Satanás seduziu e enganou a primeira mulher, Eva, com sua sagacidade e astúcia (Gênesis 3:1-7; II Coríntios 11:3), assim, como já dissemos, ele assumiu o governo de toda a Criação, a Terra e os homens. Porém, o Diabo sabia desde o início, que seu império satânico seria desfeito pela manifestação da semente da mulher. “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15). Enquanto a poderosa Semente de Deus não se manifestava, Satanás reinava absoluto, oprimindo, escravizando, matando, e estendendo seu projeto nefasto de morte, roubo e destruição por toda a Terra. Ele é o príncipe das potestades do ar e tem autoridade sobre todos os que são desobedientes ao Evangelho (Efésios 2:2; 5:6). Antes da obra do Calvário ele tinha livre curso sobre a Terra que lhe pertencia (João 14:30). Tendo ostentado a posição de pseudo-divindade sobre a Terra, o Diabo tem, juntamente com seus suas hostes demoníacas, empreendido esforços para impedir qualquer tipo de esclarecimento ou iluminação espiritual por parte do gênero humano, luz esta que somente pode vir através do Evangelho da glória de Cristo, que é o Evangelho do Reino. “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” (II Coríntios 4:3-4). Até a Redenção a Criação estava sob a autoridade usurpada de Satanás, o príncipe regente da humanidade até então.

O SEGUNDO REI INICIOU A RESTAURAÇÃO TOTAL

Por causa da decadência do primeiro rei, a Criação ficou completamente sujeita às obras de um novo príncipe, o Diabo. E suas obras tinham livre curso, por causa da realidade do Pecado no homem; até a chegada do segundo e último Rei, Jesus Cristo, pois, “Quem comete o pecado [vive no pecado] é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” (I João 3:8). O Pecado e suas consequências foram removidos pela Obra restauradora do Rei Jesus, pois Ele é “...o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (João 1:29; Apocalipse 5:12). “Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos.” (Romanos 5:19). Toda a Criação ficou sob maldição por sua separação do Criador, mas em Cristo todas as coisas são reconciliadas com Deus. “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão no céu.” (Colossenses 1:20). Todas as coisas inclui o ser humano em sua composição plena: espírito, alma e corpo; inclui também o ecossistema, o solo, os animais, o céu atmosférico, em fim, todas as coisas foram reconciliadas, restauradas. Assim, basta que nos apoderemos das bençãos da Redenção, que já nos foram doadas (Efésios 1:3). Jesus começou a restauração total, e nós, como Igreja “que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Efésios 1:23), concluiremos esta restauração antes da gloriosa vinda do Rei dos reis (Atos 3:19-21).

O SEGUNDO REI DERROTOU E DESPOJOU O PRÍNCIPE USURPADOR

O último Rei, Jesus Cristo veio para desfazer as obras do príncipe das trevas (I João 3:8). Quando veio a voz de Deus a Jesus dizendo: “Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei.” (João 12:28), então, o Rei declarou previamente a derrocada do falso príncipe dizendo: “...Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós. Agora, é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe deste mundo.” (João 12:30-31). A obra expiatória do calvário foi a derrota definitiva do Diabo. Na verdade, o Diabo lutou durante os anos de vida terrena de Jesus, para que Ele não fosse à cruz, pois o Diabo ouviu João Batista proclamar Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), assim, ele sabia que a morte vicária de Jesus Cristo anularia a realidade do Pecado no gênero humano. Satanás e suas hostes foram derrotados na cruz. O Diabo tinha a cédula que era contra nós, mas Jesus Cristo a riscou, a tirou do meio de nós e a cravou na cruz; Jesus despojou os falsos príncipes, os expôs para toda a Criação e deles triunfou de uma vez por todas. “havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Colossenses 2:14-15). O único poder que Satanás ainda consegue exercer sobre o homem, é através do engano. Ele foi destronado, ele foi envergonhado, ele foi destituído de sua autoridade. Agora, em Cristo, toda a autoridade é transferida para aquela que está assentada em lugar de autoridade e governo, a Igreja. “e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar em lugares celestiais, em Cristo Jesus.” (Efésios 2:6).

Conclusão

A Redenção é a mensagem central do Evangelho do Reino. O primeiro rei, Adão entregou a autoridade sobre a Criação para o príncipe usurpador, Satanás. O último Adão, o Rei Jesus Cristo, efetuou a obra redentora na cruz do Calvário, consumando a restauração de toda a Criação. Assim, feitos à imagem do Rei Jesus, e tendo recebido Sua autoridade, temos posição real no plano redentor desde então. Em Cristo, fomos reinseridos na real, a família de Deus.

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